Imagem: Valter
Campanato/ ABr
O ministro
da Educação, Milton Ribeiro, anunciou sua exoneração da pasta nesta
segunda-feira (28). “Não me despedirei, direi até breve”, diz ministro da
Educação em rascunho de carta que deverá ser entregue ao presidente Jair
Bolsonaro (PL).
Ribeiro é
alvo de um inquérito da Polícia Federal (PF) e do Supremo Tribunal Federal
(STF) por suspeitas de favorecimentos a pastores na distribuição de verbas do
Ministério da Educação (MEC).
Na carta,
Ribeiro diz que sua vida “sofreu uma grande transformação” desde a divulgação
de reportagem que o implicavam em um esquema de favorecimento a pastores dentro
do MEC.
Diante das
suspeitas, Ribeiro, que foi convidado a comparecer ao Senado para prestar
esclarecimentos sobre o caso, diz que decidiu “solicitar ao Presidente
Bolsonaro a minha exoneração do cargo, com a finalidade de que não paire
nenhuma incerteza sobre a minha conduta e a do Governo Federal”. No rascunho da
carta, Ribeiro diz ainda que deve retornar à pasta. “Depois de demonstrada
minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o Presidente Bolsonaro
na sua difícil mas vitoriosa caminhada.”
Bolsonaro
resistiu à saída de Ribeiro, enquanto, de forma reservada, aliados pressionavam
a demissão por temer os efeitos nas eleições da existência de um gabinete
paralelo no Ministério da Educação.
Ele pode ser
substituído por Garigham Amarante, atual diretor de Ações Educacionais do FNDE
(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e apadrinhado de Valdemar Costa
Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro.
O presidente
teria sido convencido por aliados a se desfazer de Milton Ribeiro, mesmo que
tenha defendido o ministro publicamente. Em sua última live semanal, na
quinta-feira passada (24), Bolsonaro chegou a dizer que colocaria “a cara no
fogo” pelo titular do MEC.
“O Milton,
coisa rara de eu falar aqui. Eu boto minha cara no fogo pelo Milton, minha cara
toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia com ele”, declarou
Bolsonaro.
A saída do
ministro, no entanto, não deve ter cara de “demissão”. A hipótese defendida é
que ele seja afastado do cargo.
Milton
Ribeiro é pastor presbiteriano, teólogo e professor. Ele assumiu o cargo de
ministro da Educação em julho de 2020, substituindo Abraham Weintraub. Ribeiro
é o terceiro titular do MEC no governo Bolsonaro, que além de Weintraub teve
Ricardo Vélez Rodriguez no cargo.
Entenda a
crise do MEC
Milton
Ribeiro se tornou protagonista de uma crise no governo após a Folha de São
Paulo divulgar um áudio no dia 21 de março em que ele dizia repassar verbas do
ministério a municípios brasileiros escolhidos por pastores. Durante reunião
com prefeitos, o ministro teria dito que este era um pedido do presidente Jair
Bolsonaro.
“Foi um
pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do
[pastor] Gilmar”, diz o ministro no áudio.
Após a
divulgação do áudio, prefeitos começaram a denunciar mais detalhes sobre o
caso, dizendo que os tais pastores atendidos com prioridade pelo MEC cobrariam
propina dos municípios como forma de liberar as verbas da pasta.
O ministro
se manifestou por meio de nota no dia seguinte, negando as acusações e dizendo
que “a alocação de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária,
bem como os critérios técnicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação
(FNDE)”.
O jornal
Estado de São Paulo já havia adiantado no dia 18 que uma espécie de “gabinete
paralelo” de pastores estaria controlando as verbas da do MEC. Após a
divulgação do áudio pela Folha, o Estadão publicou no dia 22 de março que entre
os pedidos de propina haviam depósitos de R$ 15 mil e até de pagamentos em 1 kg
de ouro.
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