Elevação do valor do cacau deixa os ovos de chocolate até 8,5% mais caros neste ano
A inflação
dos alimentos também vai dar as caras na Páscoa. Com a elevação do valor do
cacau neste ano e com a alta dos custos operacionais – reflexo de fatores como
o reajuste de combustíveis -, os ovos de chocolate estarão até 8,5% mais caros
nos supermercados e chocolaterias. Para driblar a perda de poder aquisitivo do
consumidor e garantir as vendas na primeira Páscoa não afetada pela pandemia desde
2020, as marcas estão apostando nas “lembrancinhas”, como as barras e bombons.
Segundo
projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
(CNC), as vendas para a Páscoa devem ser de R$ 2,16 bilhões neste ano. Se
confirmado, o desempenho será 1,9% superior ao de 2020, já descontada a
inflação do período.
Além de
pagar mais caro, quem não está disposto a abrir mão dos ovos de Páscoa vai ter
que pesquisar antes de comprar. Levantamento feito pelo CNC, a pedido do
Estadão, mostra a variação de preços dos produtos. Dependendo do
estabelecimento, um mesmo ovo de chocolate pode custar até 181% a mais.
A análise
considera os cinco itens mais procurados pelos consumidores. “É mais um reflexo
da inflação, que desorienta os preços e deixa o consumidor sem uma base de
comparação”, explica o economista- chefe do CNC, Fábio Bentes.
Estratégia
De olho no
orçamento restrito da clientela, a Cacau Show desenvolveu para a data uma lista
de opções para todos os bolsos. Para atender às lojas próprias e franquias, a
companhia aumentou em 24% a produção de chocolates em relação a 2021 e espera
crescer 60% em faturamento, segundo o fundador e presidente da marca, Alexandre
Costa. “Hoje temos produtos na marca com os mesmos preços que são praticados
nos supermercados, mas com outra experiência de compra”, afirma.
Mesmo com um
público menos sensível à inflação, a marca de luxo Dengo também preferiu pensar
a Páscoa com opções mais baratas, como barras e bombons. Dentro do setor de
chocolates premium, a companhia espera crescer em faturamento na primeira
Páscoa com lojas funcionando sem restrições por causa da pandemia. “Temos visto
cada vez menos interesse pelos ovos. As pessoas estão mais preocupadas com a
qualidade do chocolate”, diz o presidente da Dengo, Estevan Sartoreli.
De acordo
com Sérgio Molinari, fundador da consultoria Food Consulting, apesar de os ovos
de chocolate terem um valor agregado muito superior ao de barras e bombons,
essa mudança de estratégia das companhias, que vem se intensificando nos
últimos anos, pode significar uma redução das perdas com encalhes, já que os
ovos são um produto sazonal e podem ter de ser vendidos a preço de custo
posteriormente para evitar que estraguem. “Essa mudança pode ser boa para a
indústria, pois mantém o prazo de comercialização do produto, aumenta o tempo
de prateleira e a chance de venda.”
Físico x
digital
Apesar da
alta de preços e da menor propensão das famílias ao consumo, a Americanas ainda
aposta no símbolo maior da data: espera vender 10 milhões de ovos na Páscoa
deste ano, 20% a mais que no ano anterior. Para alcançar esse resultado, a
companhia aposta na combinação das operações com a B2W Digital, que vai
permitir expandir a ampliação do uso da plataforma digital para vender produtos.
Quem também
quer surfar no digital é a Lacta. A marca da gigante de alimentos Mondelez
relançou seu site de vendas e preparou um esquema de entregas com lojas físicas
parceiras. Segundo o diretor de vendas da Mondelez no Brasil, Álvaro Garcia,
por causa da redução no valor médio das compras, além das tradicionais
parreiras de ovos, a empresa optou por trazer, pela primeira vez na Páscoa,
espaços de destaque para os produtos de menor valor, como bombons soltos e
barras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
As
informações são da EXAME.
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