Como meu histórico familiar pode influenciar a minha relação com o álcool? Será que uma questão impacta na outra? A resposta é “sim”. Mas essa interferência não é tão simples e direta como muita gente imagina.
O primeiro ponto para se analisar é a genética. Todos nós herdamos genes dos nossos pais, que definem algumas de nossas características, como questões de metabolismo.
Dificuldade
para metabolizar o álcool
Uma dessas
características, no que se refere ao álcool, é a capacidade de produzir enzimas
que metabolizam essa substância no organismo. Algumas pessoas têm um gene que
sinaliza uma baixa produção dessas enzimas, o que resulta no acúmulo mais alto
de substâncias tóxicas no organismo quando a pessoa bebe, e resulta em tontura,
náusea e um rubor facial, ou seja, a pessoa fica com o rosto vermelho ao
ingerir álcool.
Quem possui
essa característica pode passar a evitar bebidas alcoólicas por causa dessas
reações desagradáveis. Já se a pessoa continuar a beber apesar de passar mal,
ela pode ter prejuízos maiores.
Nosso
histórico familiar também podem determinar aspectos como a propensão ao
diabetes, a ter pressão alta, batimentos cardíacos irregulares, doenças do
fígado e outras condições. Nesse caso, essas condições podem ser agravadas pelo
consumo de bebida alcoólica.
Saúde mental
e álcool
Também
existem algumas marcações genéticas envolvidas na saúde mental com possíveis
reflexos no consumo de álcool. Quadros de ansiedade e depressão que têm uma
história familiar mais presente, por exemplo, podem fazer com que uma pessoa
tenha um risco maior de sofrer um transtorno por uso de álcool no futuro, caso
comece a beber.
É importante
lembrar que a influência familiar também vai muito além de questões genéticas.
Muitos padrões de comportamento podem ser aprendidos e, dessa forma, passados
de geração a geração. Por exemplo: violência doméstica, relações abusivas, bem
como ter um pai ou mãe que abusa do álcool é algo que pode ser reproduzido
pelos filhos na idade adulta.
Genética não
é destino!
Agora, não é porque a pessoa tem um parente que bebe muito que ela vai, necessariamente, beber mais. Existem vários fatores envolvidos nessa propensão, e não só o padrão de consumo de álcool na família.
Outro ponto
importante a se considerar é que a família também pode dar todo o suporte
necessário quando uma pessoa desenvolve um transtorno do uso de álcool. Assim
como relações familiares complicadas podem impactar negativamente no consumo,
relações positivas, de empatia e de troca podem proteger as pessoas de um
eventual uso problemático de álcool.
Fonte: Dr.
Jairo Bouer
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