Foto: Marcelo Cortes
Em um mês de
trabalho no Flamengo, sem direito a pré-temporada, Dorival Jr conseguiu o que o
português Paulo Sousa tentou por um semestre, sem o mesmo resultado: resgatar o
bom futebol de um elenco forte, porém sem a mesma confiança. O maior tato na
condução do trabalho junto ao grupo de jogadores é visto internamente como a
principal diferença entre os comandantes. Agora, o desafio do técnico é buscar
uma regularidade de atuações, considerado o objetivo mais difícil.
— Foi uma
vitória importante contra uma das melhores equipes do Brasil. Mas foi só uma
vitória. Se quisermos manutenção, temos que encontrar regularidade e isso não é
fácil. Aos poucos a equipe está recuperando a confiança que deixou para trás.
Existe uma recuperação que precisa se consolidar — afirmou o treinador.
Em vez de se
prender a ideias de jogo apenas, Dorival foi, sim, mais paternalista. E incluiu
nas conversas particulares e com o plantel em conjunto temas como
"confiança", "atitude", "acreditar". O principal
fator de mudança de comportamento se deveu, na visão da comissão técnica, ao
fato de os atletas fazerem o que estava sendo proposto sem nenhuma dose de
desconfiança e contrariedade. Por isso que o diálogo inicial foi importante,
para entender as dificuldades do momento.
A isso se
somaram conceitos táticos e o trabalho de campo, quando houve tempo. O
resultado de treinos, repetições e mobilização maior foi uma mudança de postura
generalizada. Tanto que a classificação sobre o Atlético-MG talvez tenha sido o
jogo do ano com o maior percentual de acertos entre todos os jogadores do
Flamengo em campo.
Ajuste
tático
Com a
confiança resgatada, Dorival procurou fazer ajustes aos poucos para
potencializar o lado ofensivo do time, enquanto se resguardava em um esquema
inicial com três volantes. Mais equilibrado, fez Pedro virar a principal
referência e dar maior capacidade de movimentação a Gabigol, sobretudo caindo
pelo lado direito. Com isso, Éverton Ribeiro passou a jogar centralizado, vindo
mais de trás, sem tanto desgaste pela ponta. Ao losango central acrescentou
Arrascaeta de volta à função que mais gosta, entrelinhas, também costurando de
trás, mas com liberdade de abrir dos dois lados, e não mais como um atacante ao
lado de Gabi. Assim, o uruguaio acelera o jogo a seu modo.
Sem a bola,
o Flamengo tornou-se mais "pegador". Marcou a saída do Atlético-MG
com Gabi, Pedro e Arrascaeta, mas sempre apoiados pelos volantes e Ribeiro. A
mobilização deu resultado e gerou maior posse de bola, o que Dorival busca
desde o início, mas não conseguiu . A subida de produção de Filipe Luís e
Rodinei contribuíram.
— Há 40
dias, todos estavam contestados, ninguém servia. Futebol é um palmo de
distância entre o céu e o inferno. Nós já vivenciamos um lado e sabíamos que
era um fator momentâneo pela qualidade da equipe. Mas precisamos entender que
não tem nada definido, a postura tem que ser a mesma — completou Dorival.
Controle de
carga
Com Dorival,
o trabalho de controle de carga do elenco recebeu ajuste fino. Mais do que
Paulo Sousa, o treinador deu maior liberdade para o departamento médico
influenciar nas decisões sobre rodar o time. E tem escalado equipes
alternativas em algumas partidas do Brasileiro. Sem lesões musculares em
profusão, o elenco permite tal rodízio. Não só com o uso das opções
contratadas, como Ayrton Lucas no lugar de Filipe Luís, mas também a entrada de
jovens e veteranos, como Victor Hugo, Matheus França, Lázaro e também Diego
Ribas.
—Destaco o
trabalho dos preparadores para a recuperação dos atletas. Fizemos um bom jogo
contra o Corinthians, não vencemos, mas a participação da molecada foi
importante. Estamos crescendo — empolgou-se.
O m antra de
Dorival é que todos os atletas são importantes para o trabalho. Recuperou
também Léo Pereira, reintroduziu Fabrício Bruno à zaga, e consolidou Rodinei
como uma das armas mais letais do ataque do Flamengo. Ou seja, o revezamento
acontece com um propósito, e a sequência de alguns, como Pedro e o próprio
Rodinei, eleva ainda mais a confiança de um elenco que se reencontra com o seu
melhor futebol.
EXTRA
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