Quem anda pelas ruas das principais cidades do Norte Fluminense ou Região dos Lagos certamente já percebeu o aumento no número de pessoas pedindo doações nas portas dos supermercados ou famílias inteiras em situação de rua. Não é impressão, é realidade – e os números comprovam. Entre 2018 e 2022, o número de pessoas que não têm o que comer aumentou quatro vezes no estado do Rio de Janeiro.
Os dados
estão contidos no “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto
da Pandemia da Covid-19 no Brasil”. Produzido pela Rede Brasileira de Pesquisa
em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) e divulgado no último dia 23
de junho, o estudo indica que o estado do Rio tem quase 2,8 milhões de pessoas
passando fome. Seguindo esta proporção, seriam cerca de 188 mil pessoas sem ter
o que comer em Campos dos Goytacazes, Macaé e Cabo Frio, maiores cidades da
região.
Ainda
segundo a Rede PENSSAN, 60% da população fluminense (10,6 milhões de pessoas)
passa por algum nível de insegurança alimentar. São cidadãos que não têm
certeza se conseguirão almoçar amanhã, ou vivem a privação de não poder
garantir um prato com os nutrientes necessários. Há quatro anos, este número
era de 32,2%.
Para José
Maria Rangel, ex-membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da
República, o Brasil retrocedeu no que diz respeito ao direito mais básico da
população: a garantia de se alimentar dignamente. “Por falta de uma política
comprometida com a erradicação da pobreza e geração de empregos, voltamos 30
anos no tempo”, analisa.
Nos dois
últimos anos, José Maria participou da Campanha “Petroleiro Solidário”, que,
até abril deste ano, arrecadou cerca de 10 mil cestas básicas e 6 mil botijões
de gás a partir de doações. Foram beneficiadas cerca de 15 mil pessoas em dez
cidades fluminenses. Mas, segundo ele, a questão é mais complexa – envolve uma
política que concilie desenvolvimento econômico e social.
– O Brasil
precisa voltar a ter um governo comprometido com a geração de emprego e o
cuidado com a população mais pobre. Nos governos Lula e Dilma, foram gerados
4,39 milhões de postos de trabalho no estado do Rio; 812 mil famílias foram
atendidas pelo Bolsa Família. A pobreza diminuiu e muitas famílias passaram a
ter a garantia de três refeições por dia. Não faz sentido falar em
privatizações, política de câmbio e lucros para acionistas da bolsa de valores,
enquanto não garantimos o direito básico. Precisamos tratar a fome e a miséria
com a preocupação que ela merece e retomar as políticas que deram certo nos
governos do PT – observa José Maria Rangel.
FONTE:TRIBUNANF
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