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21/08/2023

Usina Cambahyba: Governo Federal vai formalizar área como assentamento do MST

O Governo Federal vai destinar para a reforma agrária a área onde funcionou a Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes. O terreno será formalizado como assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A informação foi divulgada pela jornalista Flávia Oliveira, no jornal O Globo.


A área, que abriga sete fazendas em 3.500 hectares, está em disputa há quase três décadas. Em 2012, foi considerada improdutiva pela Justiça. Em 2021, foi desapropriada e destinada ao Incra pela 1ª Vara Federal de Campos. Em junho do mesmo ano, a área foi ocupada por cerca de 300 famílias do MST (leia mais aqui). O local ficou conhecido como um dos territórios de violência política da ditadura militar no Rio de Janeiro, os fornos da unidade teriam sido utilizados na década de 1970 para incinerar os corpos de 12 vítimas do regime.


A secretária de Diálogos Sociais da Secretaria Geral da Presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, Kelli Mafort, anunciou a inclusão de Cambahyba na reforma agrária à deputada estadual Marina do MST (PT-RJ) na quinta-feira, 17 de agosto, durante a cerimônia de posse dos integrantes do órgão.


De acordo com o veículo, o assentamento levará o nome de Cícero Guedes, ativista que se libertou do trabalho análogo à escravidão em lavouras de cana-de-açúcar na infância, em Alagoas, e migrou para Campos. Aprendeu a ler aos 40 anos, integrou o MST, na virada do século foi oficializado no assentamento Zumbi dos Palmares, na área da extinta Usina São João, também no município. Cícero foi assassinado a tiros em 2013.


A Usina Cambahyba foi uma das grandes propriedades agroindustriais do município e está desativada por completo desde a safra de 1995/1996, quando mantinha área total de 6.763 hectares, dos quais 85% foram dedicados à produção de cana.


Em junho, durante visita ao local, a Deputada Marina do MST, destacou, por meio de rede social, que “a ocupação destas terras significa a denúncia do “projeto de exploração dos trabalhadores e da natureza. Essa terra, tem a essência da história de exploração política e econômica que o latifúndio e o agronegócio faz em nosso pais” afirmou.


Também por meio de rede social, o MST reiterou que trata-se de “uma luta que se remete a 23 anos, quando o MST ocupou as terras da Usina Cambahyba, após ser oficialmente desapropriadas pela justiça para fines da Reforma Agrária”.


A Comissão Nacional da Verdade (CNV) confirmou que no local foram incinerados 12 corpos de presos políticos recolhidos da Casa da Morte, o centro clandestino de tortura em Petrópolis (RJ), e do DOI-Codi, na capital. O ex-delegado Cláudio Antônio Guerra, do Dops, afirmou em depoimento que “atendia a chamados do capitão de cavalaria do Exército Freddie Perdigão Pereira e recebia os corpos diretamente da equipe do militar”, informa o relatório da CNV.


A Justiça Federal de Campos condenou Guerra a sete anos de prisão em regime semiaberto por ocultação de cadáveres durante a ditadura e o  Ministério Público Federal denunciou o ex-delegado com base em relatos no livro “Memórias de uma guerra suja”.


Ainda de acordo com o jornal O Globo, o assentamento da Cambahyba abrigará lotes para 185 famílias.



Terceira Via

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