A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) participou de debate sobre a elaboração de projetos pioneiros para melhorar o diagnóstico e o tratamento de pacientes com dengue e doenças similares. O objetivo é melhorar o monitoramento clínico de pacientes com sintomas da doença e a qualificação das análises de amostras de casos suspeitos em laboratório. As propostas foram apresentadas durante reunião de instalação da Sala de Situação da Dengue da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Conduzido pela coordenadora de Vigilância em Saúde em Laboratórios de Referência da Presidência da Fiocruz, Tânia Fonseca, o encontro contou com a participação da secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello, e de representantes do Ministério da Saúde, dos municípios do Rio de Janeiro e de Niterói, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O primeiro projeto discutido pelos técnicos tem como objetivo qualificar o diagnóstico, por meio do acompanhamento da dinâmica clínica de doenças febris agudas que apresentam o mesmo padrão da dengue. Para isso é necessário monitorar as diferenças identificadas nos casos atuais, em relação ao histórico da doença, bem como a possibilidade de outras doenças estarem circulando no estado. O segundo projeto piloto busca elaborar um estudo laboratorial dos casos, com o propósito de melhorar a qualidade das informações das amostras enviadas quando o resultado der negativo para dengue, zika ou Chikungunya, todas transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
“O estado do Rio de Janeiro poder ser pioneiro em dois projetos fortalece ainda mais a rede de vigilância no controle das arboviroses. Montamos nossa Sala de Situação da dengue em dezembro. A partir dos dados do nosso Centro de Inteligência em Saúde (CIS), estamos acompanhando de perto o aumento de casos, nos antecipando e fazendo os ajustes necessários para prestar o melhor atendimento à população e apoiar os municípios”, declarou Claudia Mello.
Dados no Brasil e no Rio de Janeiro acima do esperado para o período
A coordenadora Geral de Arboviroses do Ministério da Saúde, Lívia Vinhal, fez um resumo da doença no Brasil. Segundo ela, já foram registrados neste ano no país 55.859 casos prováveis de dengue, cerca de 27,5 casos por 100 mil habitantes, com 6 óbitos confirmados. Ela declarou que há quatro sorotipos da dengue circulando no Brasil e que é a primeira vez que ocorrem casos elevados da doença por três anos seguidos (2022, 2023 e 2024).
A superintendente de Informação Estratégica em Vigilância e Saúde da SES-RJ, Luciane Velasque, disse que, neste momento, os indicadores para dengue apontam dados acima do esperado.
“Em 2023, foram registrados 51.848 casos prováveis da doença, com 28 óbitos. Já em 2024, até 16 de janeiro foram notificados 4.446 casos suspeitos de dengue, número superior ao esperado para o período”, disse ela, informando que a Secretaria de Estado de Saúde tem feito uma série de ações como treinamento com profissionais da rede estadual, especialmente médicos, oferecendo orientações sobre manejo clínico dos pacientes, além de realizar reuniões com diretores de unidades próprias e distribuir kits com medicamentos e insumos aos municípios. Além de avaliar e ajudar na elaboração dos Planos de Contingência dos municípios.
Gislani Mateus, superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, disse que a taxa de positividade de dengue para os exames de sangue realizados em pacientes da cidade do Rio está em 56% e que os bairros com maior índice são Paquetá, Anchieta e Barra de Guaratiba e que a dengue 1 e 2 são os predominantes.
Padrões diferentes, elevados descartes da doença por critério epidemiológico e o surgimento da doença em pequenos municípios foram temas abordados pela pesquisadora da Fiocruz Cláudia Codeço. Também participaram da Sala de Situação da Fiocruz o subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde da SES-RJ, Mário Sérgio Ribeiro, a superintendente de Informações Estratégicas de Vigilância da SES-RJ, Silvia Carvalho, a diretora do Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen) Andréa Cony, o infectologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, Alberto Chebabo, e outros especialistas.
Terceira Via
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