Apesar de serem mais da metade (51,2%) da população do Norte
Fluminense, segundo o último Censo do IBGE, as mulheres possuem baixíssima
representação na política local. Enquanto 1/3 dos municípios da região é
governado por elas, apenas 10% das cadeiras nas Câmaras Municipais são ocupadas
pelo sexo feminino. Para tentar diminuir o abismo de representatividade, está
em fase final de criação de uma associação para reunir todas as vereadoras do
Estado do Rio de Janeiro.
De acordo com a vereadora Josiane Morumbi (Patri), de Campos,
ao todo, são 107 mulheres que exercem mandatos legislativos municipais no Rio
de Janeiro atualmente. Entre os objetivos da nova entidade está manter a união
entre todas, com atuações em conjunto, e levar demandas regionais Governo do Estado.
Josiane explicou, ainda, que o trabalho de contato com todas as parlamentares
já dura seis meses e que falta apenas a finalização da parte jurídica.
Em Campos, das atuais 25 cadeiras, apenas quatro são ocupados
por mulheres. Apesar de ser pouco, é o maior número de representação feminina
no Legislativo goitacá desde 1996, como mostrou a Folha da Manhã em reportagem
no último dia 15 de maio.
Além de Josiane, também fazem parte da atuação composição da
Casa de Leis as vereadoras Joilza Rangel (PSD), Marcelle Pata (PL) e Rosilani
do Renê (PSC).
A situação se repete também nas outras cidades da região. Dos
nove municípios do Norte Fluminense, apenas Campos (quatro) e Cardoso Moreira
(duas) possuem mais de uma vereadora em exercício. Em São Fidélis e São Francisco
de Itabapoana não nenhuma mulher nos respectivos Legislativo. No caso de SFI, a
professora Yara Cinthia (DEM) chegou a ser eleita em 2016, mas se licenciou
para assumir a secretaria municipal de Educação.
Em um universo de 111 vagas nas câmaras de todas as cidades
da região, apenas 11 são de mulheres, enquanto as outras 100 são dos homens.
Apesar de um percentual menor, a desigualdade também se
reflete nas prefeituras. Apenas SFI, com Francimara Barbosa Lemos (PSB); São
João da Barra, com Carla Machado (PP); e Quissamã, com Fátima Pacheco (DEM),
têm representantes femininas no Poder Executivo.
Eleita com 22 anos inspira candidaturas
Com apenas 22 anos, Nathália Braga (PSDB) foi eleita, em
2016, a única vereadora de Concei-ção de Macabu e a mais jovem de toda a
região. Ela chamou a atenção para as dificuldades que são encontradas e apontou
que cada uma encoraja a outra a cada nova reunião.
— A associação das vereadoras é basicamente uma forma de
apoiar umas as outras. A luta que cada uma enfrenta, na maioria das vezes sendo
únicas representantes de suas cidades, é muito grande. Cada vez que nos
reunimos é uma grande troca de experiências e somos en-corajadas a continuarem
mais fortes. São apresentados, em cada encontro, importantes te-mas para aprimorar
conhecimentos que usamos em nosso mandato.
Além de tudo é uma forma de percebermos que não estamos
sozinhas.
Nathália relatou também que o fato de ser a vereadora mais
jovem da região tem ajudado a inspirar mais mulheres a entrar na política.
“Tenho certeza que muitas mulheres na região estão motivadas a se candidatarem
através do meu mandato. Recebo constantemente de perguntas das aspirantes, na
maioria das vezes jovens, sobre a experiência que tenho hoje, o que me motivou,
e sobre a experiência de estar vereadora. Na oportunidade, sempre as incentivo,
mostrando a realidade, as dificuldades e o quanto vale a pena lutar pelos
objetivos da população”, finalizou.
Deputadas defendem apoio à candidatas
Após as eleições de 2018, a representação de mulheres na Câmara
dos Deputados passou de 10% para 15%. Houve um crescimento de 50% na bancada
feminina da Câmara. Nas assembleias legislativas estaduais, o crescimento foi
de 35%. São dados positivos, mas as deputadas acreditam que ainda é preciso
melhorar muito.
A coordenadora da bancada feminina na Câmara Federal,
Professora Dorinha (DEM-TO), ressaltou a necessidade do apoio às mulheres nas
candidaturas. “O maior enfrentamento nosso é desarmar a fachada que existe de
que as mulheres não querem ou não gostam de política, e por isso têm uma
dificuldade de encontrar candidatas. As candidatas estão nas suas diferentes
áreas de atuação, o que elas precisam é de apoio para que esse projeto, que não
é individual, se concretize a partir de uma poio da própria bancada feminina”.
FOLHA 1
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