Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), e policiais
militares estão cumprindo mandados de prisão e de busca e apreensão contra 20
dos 27 vereadores de Uberlândia. Servidores e funcionários terceirizados também
são alvos da operação deflagrada nas primeiras horas da manhã. Ao
todo, a Justiça estadual expediu 40 mandados de prisão e 42 de busca e
apreensão.
O presidente da Câmara, Hélio Ferraz (PSDB), é um dos
investigados por suspeita de participação em um suposto esquema que desviava
recursos da verba indenizatória a que os vereadores têm direito para custear a
atividade parlamentar. Os promotores também investigam um suposto esquema
fraudulento na contratação da empresa que presta serviço de vigilância ao
Legislativo municipal.
Servidores da Câmara confirmaram à Agência Brasil que
policiais e promotores estiveram no gabinete da presidência por volta das 6h30.
Após cerca de 20 minutos vasculhando o local na companhia de parte dos seguranças
da Câmara que estavam de serviço, os agentes deixaram o prédio levando
documentos e computadores usados por Ferraz e por seus assessores. Além da
apreensão de documentos, a Justiça também autorizou a prisão temporária do
presidente da Câmara.
Ainda segundo os servidores ouvidos pela reportagem, a chefe
da Segurança da Câmara está entre os detidos esta manhã. Ela foi encontrada em
sua casa. Os mandados já executados contra os demais vereadores investigados
também foram cumpridos nas residências destes.
Procurada, a assessoria da Câmara disse que o Parlamento não
foi oficialmente notificado e aguarda mais detalhes oficiais sobre o objetivo
da operação para se manifestar. A reportagem não identificou os advogados dos
vereadores e servidores alvos da ação. Nem o Ministério Público estadual, nem o
Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) se pronunciaram até o momento.
Antecedentes – A ação é um desdobramento da chamada Operação
O Poderoso Chefão, realizada em 25 de outubro – mesmo dia em que o Gaeco
deflagrou outras duas operações (Mercúrio e Torre de Babel). Na ocasião, dois
vereadores de Uberlândia foram detidos: Alexandre Nogueira (PSD) e Wilson
Pinheiro (PP). Nogueira, que desde o dia 2 de dezembro cumpria prisão
domiciliar graças a um alvará judicial, voltou a ser detido hoje e levado para
a delegacia de Uberlândia. Um terceiro vereador que já vinha sendo investigado,
Juliano Modesto (SD), já tinha sido detido em 15 de outubro, alvo da primeira
fase da Torre de Babel. Os três já estavam afastados dos cargos.
Inicialmente, a Operação O Poderoso Chefão investigava
suspeitas de irregularidades na contratação da Cooperativa dos Transportadores
de Passageiros e Cargas de Uberlândia (Coopass). Em outubro, quando Nogueira e
Pinheiro foram detidos, o promotor Daniel Marotta Martinez disse a jornalistas
que, só em 2016, foram desviados ao menos R$ 7 milhões dos cofres municipais
por meio do contrato com a cooperativa.
Na mesma ocasião, o promotor afirmou que os investigados
integravam uma “organização criminosa” que dominou o serviço público de
transporte entre 2007 e 2018. Já o promotor Adriano Bozola acusou o vereador
Alexandre Nogueira de ser o verdadeiro responsável não só pela Coopas, mas
também pela Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), outra
cooperativa que chegou a substituir a primeira após o então prefeito, Gilmar
Machado (PT), cancelar o contrato com a Coopas.
(Com a Agência Brasil)
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