Com sete casos suspeitos e nenhum confirmado, Campos deve
conhecer seu pico da Covid-19 por volta do dia 20 de abril. Como referência,
será duas semanas depois da cidade do Rio de Janeiro atingir o seu pico. Dos
sete casos suspeitos na planície goitacá, cinco foram oficialmente notificados
e já fizeram o teste: um veio da Itália, outro da Espanha, um de Portugal, um
da Flórida (EUA) e um de São Paulo, onde teve contato com parente infectado.
Mais dois serão notificados oficialmente nesta sexta (20): outro veio de São
Paulo e uma senhora que foi internada hoje em UTI, único caso grave e ainda sem
informações do local de possível contágio. As informações são do secretário de
Saúde Abdu Neme e da chefe da Vigilância em Saúde, Andreya Moreira, ambos
médicos.
A Saúde Pública de Campos possui 30 kits de teste PCR,
liberados pelo Governo no Estado e considerado 100% eficiente no diagnóstico da
nova doença. Hoje, um estudo da JP Morgan, banco de investimento dos EUA,
projetou o pico da pandemia no Brasil para 14 de abril, com cerca de 20 mil
casos de coronavírus. Destes, cerca de 80% terão quadro assintomático ou
manifesto como gripe comum, bastando ficar isolados 14 dias em suas casas.
Outros 15% precisarão de internação hospitalar. Entre 3% a 5% desenvolverão doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Estes precisarão de internação em UTI, com
respirador mecânico.
Entre a rede própria e a contratualizada, a Saúde Pública de
Campos conta com 123 leitos de UTI geral: 38 dos hospitais Ferreira Machado
(HFM) e Geral de Guarus (HGG); mais 85 dos hospitais Santa Casa de Misericórdia
de Campos (SCMC, Sociedade Beneficência Portuguesa de Campos (SPBC),
Plantadores de Cana (HPC e Escola Álvaro Alvim (HEAA). Como a média de ocupação
destes leitos de UTI geral é de 60% por conta de outras enfermidades, restariam
em tese 50 leitos para os pacientes mais graves do coronavírus. A Prefeitura de
Campos ja abriu negociação com uma empresa privada que oferece leitos de UTI,
do qual pode contratar outros 20 em licitação de emergência. Mas, devido à
demanda em todo o país, isso demoraria 30 dias para chegar ao município.
Além da vaga na UTI, cada paciente deste precisaria de um
respirador mecânico. Mas nem a secretaria municipal de Saúde, nem o Sindicato
dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Estabelecimentos de Serviço de Saúde
da Região Norte Fluminense (Sindhnorte), souberam o número total desses
aparelhos disponíveis na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) em Campos. Nem
todo paciente de UTI precisa de respirador mecânico. Mas os da Covid-19, sem
ele, morrem.
Se a UTI será o último estágio dos pacientes mais graves do
coronavírus, antes da recuperação ou da morte, a porta de entrada dos casos
suspeitos foi determinada pela secretaria de Saúde de Campos em três pontos: as
unidades pré-hospitalares (UPHs) de Guarus, São José e de Travessão. Presidente
do Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), o médico José Roberto Crespo
revelou a proposta da categoria ao poder público municipal: montar dois
hospitais de campanha em tendas, nos arredores do HFM e do HGG, para que fazer
a triagem dos casos suspeitos da Covid-19.
Estudos com base na pandemia em outros países, revela que
pode chegar a 40% a contaminação dos profissionais de saúde que atendem os
pacientes infectados pelo coronavírus. Embora ninguém assuma publicamente, isso
tem gerado temor nos médicos e enfermeiros de Campos obrigados a lidar com a
nova doença. Na Saúde Pública, Abdu Neme admitiu que faltam ao município
equipamentos de proteção aos profissionais, como óculos e aventais impermeáveis,
que já teriam sido adquiridos e devem chegar na próxima segunda-feira (23). Mas
garantiu que não faltam luvas e máscaras nº 95. Estas, segundo o secretário,
podem ser utilizadas por até 15 dias, prazo que estaria sendo abreviado pelos
profissionais da saúde.
A falta de álcool gel, como acontece para toda a população do
mundo atingida pela pandemia, também pode se tornar um problema no sistema de
Saúde Pública de Campos.
Folha1
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