Umas das frases de autoajuda mais conhecidas, tão antiga que
talvez esteja escrita no verso da tábua dos Dez Mandamentos, é "querer é
poder". Pois bem, é mentira. Querer é importante, mas não é o suficiente.
Flamengo e Volta Redonda mostraram isso de diversas formas neste domingo. Com
dois gols de Bruno Henrique, o time rubro-negro venceu por 2 a 0 no Maracanã,
se classificou para a decisão da Taça Rio, e fez exatamente aquilo que é capaz
de fazer.
Na decisão, quarta-feira, enfrentará o Fluminense, que
eliminou o Botafogo. Está a uma partida de garantir o título estadual
antecipadamente. Porque quis, ao jogar a competição com a seriedade suficiente
para vencer todos os jogos até aqui, depois que passou a escalar os titulares.
Mas, principalmente, porque pode.
O Volta Redonda quis, é inegável. Começou a partida sem medo,
com boas trocas de passes, transição rápida e saída de bola razoavelmente
resistente à tradicional marcação sob pressão rubro-negra. Mas não pode. Não
seria possível, diante da diferença absurda na qualidade individual dos
jogadores, que parece ter um efeito duplo: inferior tecnicamente, o time
adversário do Flamengo corre mais para tentar compensar a deficiência. Não
consegue e, no fim, é duplamente superado. Na bola e na parte física.
Mas não há demérito nenhum no fato de o time do
Sul-Fluminense ter pensado que seria possível fazer frente ao Rubro-negro.
Antes, fez bom papel contra os outros três grandes: venceu o Botafogo por 1 a
0, empatou sem gols com o Vasco e emplacou 3 a 0 no Fluminense. Já teve quem
entrou amedrontado contra o Flamengo e foi derrotado da mesma forma. Que seja
para cair, que seja com brio.
Ele durou até Bruno Henrique abrir o placar, aos 20 minutos
do primeiro tempo. Finalização certeira depois de um passe de primeira
maravilhoso de Gabigol. O lance com cara de intuitivo acontece não porque o
Flamengo quer, mas também o time é capaz de fazer, bem treinado por Jorge Jesus
e altamente entrosado. Cada jogador parece saber exatamente onde o outro
estará. O número de passes errados é muito pequeno, resultado da qualidade
técnica da equipe e também do entrosamento entre as peças.
Dentro de campo, o Flamengo sabe exatamente do que é capaz de
fazer. Não que não seja um direito, muito pelo contrário, mas com ele não existe
experimentos, balões de ensaio, hesitação. Não há passos maiores do que as
pernas porque elas são cumpridas o suficiente para onde a equipe de Jorge Jesus
pretende chegar. O Flamengo das quatro linhas não joga para perder, caso
contrário, poderia dar uma rodagem maior para o banco de reservas altamente
qualificado. Mas não. É força máxima sempre. Nele, a torcida pode confiar.
No segundo tempo, o jogo virou ataque contra defesa. O tão
esperado monólogo que se espera quando este Flamengo joga contra o Volta
Redonda. Gabigol encontrou outro passe certeiro para Bruno Henrique fazer o
segundo, logo aos três minutos. O placar só não virou goleada porque o goleiro
Douglas Borges teve grande atuação. Brilhou mesmo com a derrota, com grandes
defesas. Quis muito evitar a derrota, mas querer não é poder. Mesmo.
FONTE:EXTRA
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