Entenda como o coronavírus tem impactado a realidade mundial, transformando a pandemia em uma sindemia.
Depois de meses de quarentena, surge uma nova abordagem sobre
o impacto da Covid-19: a sindemia. Mas o que é sindemia? Trata-se de um
entendimento mais aprofundado sobre o comportamento e as consequências do vírus
no mundo.
De acordo com o antropólogo médico americano Merrill Singer –
criador do termo em 1990 –, a sindemia é definida como quando “duas ou mais
doenças interagem de tal forma que causam danos maiores do que a mera soma
dessas duas doenças”.
Essa é a realidade observada no mundo atualmente, visto que,
desde a chegada do coronavírus e a implementação dos protocolos de segurança,
doenças pré-existentes foram agravadas e tratamentos paralisados. Além disso, o
fator socioambiental tem grande influência nesse cenário.
Da pandemia à sindemia
A princípio foi incontestável determinar como pandemia a
contaminação em massa pelo novo coronavírus. Entretanto, após os diversos
estudos realizados e após as análises dos danos globais, foi possível chegar a
uma nova classificação.
Sindemia é a união das palavras sinergia e pandemia. E esse
termo é bem específico quando avalia de perto a realidade atual. Enquanto
países europeus estão enfrentando a segunda onda de contaminação, outros
problemas de saúde relacionados ao coronavírus ficam evidentes e se multiplicam
em todo o mundo.
Muitos tratamentos contra o câncer, por exemplo, foram
paralisados por diversos problemas. Tanto pela falta de infraestrutura e equipe
médica, que foi direcionada para o combate ao vírus, como pela necessidade de
isolamento dos pacientes durante a quarentena. Portanto, renomear a situação do
mundo com relação à Covid-19 como sindemia faz todo sentido.
Como aponta o médico infectologista Guilherme Henn (em
entrevista ao Jornal O Povo): “A compreensão que a sindemia traz é de que
existem outras doenças, normalmente não transmissíveis, que podem ter seu
efeito naturalmente maléfico multiplicado quando temos uma doença como a
Covid-19 em andamento”.
A influência dos fatores socioambientais
As desigualdades sociais, além de seus problemas
característicos, são cruciais no agravamento de doenças; principalmente nesse
momento atípico em que vivemos. Com tantas restrições, muitas pessoas deixaram
de se cuidar e manter tratamentos.
Apesar da adesão de profissionais de saúde aos recursos
online, como a telemedicina, por exemplo, nem todos os pacientes conseguem ter
acesso. Seja por problemas financeiros – piorados com a alta do desemprego –,
falta de informação, acesso precário à internet etc.
Esses são apenas alguns dos obstáculos que muitas pessoas têm
enfrentado para manter sua saúde em dia. O deslocamento com segurança de casa
para o hospital também é um desafio. Sabendo que os transportes públicos podem
ser um grande disseminador do vírus, muitos preferem não arriscar.
Todos esses aspectos precisam ser levados em consideração ao
avaliar o impacto do coronavírus no mundo. São problemas que se entrelaçam e
expõem a necessidade de uma abordagem mais empática, ou seja, tratamentos de
covid-19 e planos de intervenções sociais mais eficientes e abrangentes.
Fonte: Seleções
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