Apesar de a falta de interação social representar um golpe duro, hábitos saudáveis, bons vizinhos e tecnologia ajudaram
Ninguém tem dúvidas sobre o ônus que a pandemia do novo
coronavírus representa para a saúde mental. Manter o distanciamento social pode
ajudar os idosos a reduzir o risco de contrair a Covid-19, mas a solidão deixa
marcas que foram medidas pela “Pesquisa Nacional de Envelhecimento Saudável”,
realizada pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Em junho deste
ano, 56% das pessoas acima dos 50 anos disseram que se sentiam, às vezes ou
frequentemente, solitárias – mais do que o dobro do número registrado em
levantamento semelhante realizado em 2018. Na coluna de domingo, tratei do
delicado tema do suicídio entre idosos, ato complexo e extremo que está
associado, entre outros fatores, ao isolamento e à depressão.
Um terço dos entrevistados declarou que tinha menos companhia
do que antes da pandemia; e quase metade afirmou que a sensação de isolamento
tinha aumentado. Os contatos sociais caíram de forma drástica: em junho, a
falta de interação com familiares, amigos e vizinhos chegava a 46% dos
participantes da pesquisa, enquanto esse percentual era de 28% há dois anos.
Foram ouvidos mais de dois mil adultos com idades que variavam entre 50 e 80
anos.
Também foram mapeados alguns aspectos positivos. Por exemplo,
46% dos idosos que interagiam com vizinhos pelo menos uma vez por semana tinham
menor propensão de dizer que enfrentavam um período de solidão severa. A
tecnologia desempenhou papel relevante: 59% relataram usar as redes sociais
semanalmente, enquanto 31% se valiam de videochamadas. Para a médica geriatra
Preeti Malani, responsável pelo trabalho, este será um instrumento cada vez
mais valioso: “a mudança a que assistimos em apenas dois anos, entre uma
pesquisa e outra, é notável. Com o apoio da tecnologia, podemos ajudar os mais
velhos a manter uma rotina saudável, que inclua exercícios, uma dieta
balanceada e sono de qualidade. Isso continuará a ser da maior importância nos
próximos meses”.
A conexão entre saúde mental e a interação com outras pessoas
ficou clara em algumas respostas: quase 75% dos que se avaliavam num quadro de
fragilidade emocional se queixavam do isolamento, ao passo que, entre os que
descreviam seu estado de espírito como bom, esse patamar caía para 55%. “Com o
prolongamento da pandemia, torna-se crítico acompanhar e dar apoio às
necessidades dos idosos”, complementou John Piette, PhD e professor da
universidade.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário