Boletins epidemiológicos da Fiocruz mostram que a pandemia “rejuvenesceu” desde o começo de 2021
O ator e humorista Paulo Gustavo, internado com Covid-19
desde o dia 13 de março em um hospital do Rio de Janeiro , morreu na noite
desta terça-feira aos 42 anos em decorrência da doença. Seu caso não é isolado:
levantamentos recentes apontam que a Covid tem avançado entre a população mais
jovem no Brasil, com aumento de casos e mortes.
No mesmo período, o grupo abaixo de 60 anos foi o que registrou maior aumento de óbitos pela Covid-19 . O destaque foi a faixa etária entre 40 e 49 anos, com número de mortes 881% maior em abril do que na primeira semana de 2021. Adultos entre 50 e 59 anos (877%), jovens entre 20 e 29 anos (873%) e pessoas de 30 a 39 anos (814%) também tiveram taxas muito acima do aumento da média geral observada no período, de 469%.
Também foi registrada uma mudança no perfil dos hospitalizados: em março, pessoas com menos de 40 anos se tornaram maioria entre os pacientes com Covid-19 em UTIs no Brasil. A faixa etária representou 52,2% dos internados no mês, segundo levantamento da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).
Ainda de acordo com a pesquisa, a admissão de pacientes com
até 45 anos de idade em UTIs cresceu 11% entre os períodos de setembro a
novembro de 2020 e fevereiro e março de 2021, enquanto a de pessoas acima de 80
anos caiu 27,6%. O levantamento da Amib
contempla dados de 20.865 das cerca de 54 mil UTIs no Brasil.
Marcelo Otsuka, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), destaca que os jovens adultos são mais expostos à doença:
da SBI e
vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de
São Paulo.
Para a pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, três fatores explicam o crescimento de contaminações e óbitos entre jovens: além da maior exposição nessa faixa etária, ela cita o avanço da vacinação de idosos em todo o país.
Paulo
Gustavo e Aldir Blanc morreram no mesmo dia, vítimas da Covid-19, com um ano de
diferença.
Otsuka
ressalta que os mais jovens costumam ficar mais tempo internados do que idosos
— que muitas vezes morrem mais rapidamente pela doença — o que contribui para a
maior lotação das UTIs. Ele também afirma que alguns adultos atrasam a procura
por atendimento médico, o que pode aumentar o risco de apresentar complicações.
Fonte: iG
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