Investimentos
em infraestrutura para resolver os crônicos problemas de energia elétrica e das
enchentes dos rios Muriaé e Pomba que castigam a região Noroeste Fluminense,
além da melhoria de rodovias e estradas vicinais, são algumas das prioridades
apontadas no debate sobre o Fundo Soberano, que reuniu prefeitos, vereadores,
lideranças empresariais e demais representantes da sociedade civil, realizado
nesta sexta-feira (03/12), no Teatro Sesi-Firjan de Itaperuna. O presidente da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), deputado André
Ceciliano (PT), destacou a importância de ouvir as demandas regionais para
direcionar investimentos em projetos estruturantes que possam alavancar o
desenvolvimento econômico e social numa das regiões menos populosas do estado.
Ceciliano
também anunciou o compromisso com o projeto de construção de um gasoduto para
levar gás natural de Macaé para o Noroeste Fluminense não só para uso veicular
(GNV), mas industrial. Ele recebeu do engenheiro de petróleo Fernando Perlingeiro,
diretor do Colégio Centenário, de Santo Antônio de Pádua, um projeto com esse
objetivo. O apoio ao turismo rural, ao agronegócio e à agroindústria — que hoje
é forte com a produção de leite, tomate e cafés especiais — é outra das
prioridades apresentadas.
O presidente
da Alerj falou, ainda, sobre a competição perversa com São Paulo na oferta de
benefícios fiscais: “A questão do ICMS não tem sido fácil. Foi assim com o
Riolog, com o metal mecânico, mas estamos enfrentando. Na semana passada, resolvemos
a questão do leite, da cachaça e da água. O ICMS sobre a produção de
medicamentos também está em discussão, e temos debatido a questão do café.
Existe um convênio com outros estados que é muito ruim para o RJ”.
Segundo
informações da Fazenda estadual, em 2020 o setor cafeeiro arrecadou menos de R$
2 milhões e este ano já passou de R$ 4 milhões. Em todo o país, o movimento do
setor é estimado em R$ 3,5 bilhões. “Saímos daqui com muitas sugestões e muita
vontade de agilizar a solução dos problemas”, disse Ceciliano ao listar
reuniões já articuladas entre representantes da região e de órgãos estaduais e
concessionárias. “Saímos daqui com um dever de casa grande”, acrescentou o
parlamentar, que foi homenageado pela Câmara Municipal de Itaperuna com uma Moção
de Aplausos.
Mauro
Osório, diretor-presidente da Assessoria Fiscal da Alerj, destacou a
necessidade de ter um diagnóstico completo dos gargalos e potencialidades da
região. “Preparei um relatório de 11 páginas, mas não sabia que energia era um
gargalo fundamental. A manutenção de estradas vicinais e a formação educacional
de trabalhadores e empresários também são grandes demandas”, comentou. “Temos
que sair da divisão da indústria, comércio e serviços. Educação e saúde podem
comprar da agroindústria. Hoje, o Brasil importa R$ 20 bilhões em equipamentos
que poderia fazer aqui. Diferentemente de outros países, aqui o Fundo Soberano
não é só poupança, é para investimentos. Desde os anos 70, o Rio é a economia
que menos cresce no Brasil. Vamos integrar esse estado e tocar a bola para a
frente”, completou.
Além da
necessidade de construção de um canal extravasor, para resolver de vez o
problema das enchentes e alagamentos, outro grande desafio é o tráfego pesado
dentro das cidades, reflexo do crescimento do Porto do Açu. “São milhares de
carretas que passam por Itaperuna. Óbvio que trouxe melhorias econômicas, mas é
preciso infraestrutura”, disse o prefeito Alfredão, de Itaperuna.Anfitrião do
evento, juntamente com o presidente da Firjan Regional, José Hoffmann, Alfredão
ressaltou a relevância do evento: “Nós estamos vendo aqui um relacionamento
forte e coeso. O presidente vai sair daqui com uma pauta firme e vamos resolver
o problema da energia no Noroeste. Itaperuna tem energia boa, mas os vizinhos
não. Também é preciso haver interação entre os consórcios. Os prefeitos do
Noroeste estão juntos por uma melhoria e quero agradecer ao presidente da Alerj
que veio até nós escutar nossas reivindicações”, acrescentou.
Nelson
Rocha, coordenador do Sebrae Regional do Noroeste, disse que em parceria com o
Ministério do Abastecimento e Pesca (Mapa), já foi apresentado um projeto de
indicação geográfica junto ao Inpi para registro do café do Noroeste, que vem
sendo trabalhado desde 2004. Ele falou que a região é carente de estradas
vicinais e energia e se colocou à disposição das prefeituras para novos
projetos.
Marcelo
Hauaji de Sá, diretor da Água Mineral L’aqua, propôs uma parceria com
universidades e institutos federais presentes na região para levar mais
pesquisa e desenvolvimento às indústrias da região. Ele também destacou o forte
potencial turístico da região, lembrando que o distrito de Raposo, em
Itaperuna, concentra a única estância hidromineral do estado, com 15 hotéis,
confecções, quatro indústrias de água mineral, e cinco mil moradores.
O Fundo
Soberano foi criado pela Emenda Constitucional 86/21, de autoria original do
deputado Ceciliano, teve sua regulamentação aprovada na última quarta-feira
(01/12) pela Alerj. O fundo é uma espécie de reserva financeira com excedentes
dos royalties e participações especiais do petróleo e do gás natural. A
estimativa é de que ele já inicie com R$ 2,4 bilhões em caixa.Esses recursos
serão destinados a financiar projetos estruturantes para a economia fluminense.
Discutir onde os investimentos devem ser implementados é o principal objetivo
da série de encontros que a Alerj vem promovendo, desde outubro, em todas as
regiões do estado. Os debates anteriores sobre o fundo aconteceram em Itaguaí,
Campos e Volta Redonda.
Assessoria da Alerj.
Nenhum comentário:
Postar um comentário