João Maia, primeiro fotógrafo com deficiência visual do mundo a capturar imagens de duas Paralimpíadas celebra a chegada das novas funcionalidades
As urnas
eletrônicas que serão utilizadas nas Eleições 2022 contarão com duas grandes
novidades em termos de acessibilidade, uma voltada para pessoas com deficiência
visual, e outra para pessoas com deficiência auditiva. Essa preocupação com a
inclusão de todo o eleitorado é constante na Justiça Eleitoral (JE). Por isso,
desde a criação da urna eletrônica, alguns recursos vêm sendo utilizados para
que todos tenham a oportunidade de votar. Em celebração ao Dia Internacional da
Pessoa com Deficiência, comemorado nesta sexta-feira (3), o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) faz questão de reforçar seu compromisso com uma democracia
inclusiva.
A
sintetização de voz, recurso voltado para eleitores com deficiência visual, foi
aprimorada para as eleições do próximo ano. Além de melhorias na qualidade
geral do áudio, agora serão falados os nomes de suplentes e vices. Nas Eleições
2020, por exemplo, a urna só emitia um som informando o nome da candidata ou
candidato titular.
E, para
maior fidelidade na fala dos nomes dos concorrentes, agora também será possível
cadastrar um nome fonético. “Isso significa escrever o nome do jeito que ele é
falado. Assim, o software não erra e fala o nome dos candidatos e das
candidatas corretamente”, explica o chefe da Seção de Voto Informatizado do
TSE, Rodrigo Coimbra.
A outra
novidade, voltada para pessoas com deficiência auditiva, é a inclusão da
apresentação de um intérprete de Libras na tela da urna, para indicar quais
cargos estão em votação. “Essa foi uma sugestão de duas eleitoras do Mato
Grosso do Sul, demonstrando que a Justiça Eleitoral está sempre atenta aos
anseios das eleitoras e dos eleitores”, destaca Coimbra.
Fotografia
cega – João Maia, primeiro fotógrafo com deficiência visual do mundo a capturar
imagens de duas Paralimpíadas (Rio – 2016 e Tókio – 2020), celebra a chegada
das novas funcionalidades. “Todo recurso disponibilizado para que a pessoa com
alguma deficiência possa ter total autonomia para exercer o seu direito de voto
é mais do que bem-vindo. Cada avanço é uma conquista de toda a militância, como
a introdução do Braille no teclado da urna, depois o sintetizador de voz e
agora a introdução de mais essas ferramentas”, comemora.
João só
enxerga cores e formatos desfocados, o que o enquadra na categoria de
deficiência conhecida como baixa visão. Natural de Bom Jesus (PI), ele perdeu a
visão em 2004, aos 28 anos, por conta de uma uveíte bilateral (inflamação
ocular autoimune), que surgiu de forma repentina na vida do então funcionário
dos Correios.
A visão do
olho direito foi completamente perdida após um descolamento de retina. No
esquerdo, a consequência da inflamação foi uma lesão no nervo óptico. Desde que
cobriu os Jogos Paralímpicos de 2016, seu trabalho vem sendo acompanhado por
mais de dez mil seguidores no instagram @fotografiacega_.
Segundo ele,
é preciso garantir a pluralidade. “Só podemos exercer esse direito da
democracia através do voto. É por meio dele que temos a oportunidade de
escolher pessoas que nos ajudem a mudar a história e a construir uma sociedade
mais igualitária. Precisamos ter uma democracia que seja para todos. É
participando dela que eu me sinto um verdadeiro cidadão. Se hoje temos um
deputado cego nos representando, é porque pudemos votar e escolher nossos
representantes”, afirma.
O Brasil tem
cerca de 150 milhões de eleitoras e eleitores. Desse total, 1,15 milhão são
pessoas com algum tipo de deficiência. Números como esses reforçam a
necessidade de uma democracia cada vez mais inclusiva, que enalteça a
diversidade, fortaleça a cidadania e garanta o acesso de todas as pessoas ao
exercício do voto.
(Com a
Assessoria de Comunicação do TSE)
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