Cerca de 30 mil novos casos da doença são detectados todos os anos no Brasil
O Dia
Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase é celebrado sempre no último
domingo do mês de Janeiro. Neste ano de 2022, a data cai no dia 30 e o tema da
campanha é “Precisamos falar sobre hanseníase”. A data é símbolo do Janeiro
Roxo e tem como principal objetivo chamar a atenção das pessoas para a doença,
que tem tratamento e cura.
De acordo
com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 30 mil novos casos
da doença são detectados todos os anos no Brasil. No mundo, cerca de 210 mil
novos casos são reportados anualmente, dos quais, 15 mil são de crianças.
Apesar do número alto, a doença ainda é motivo de muito preconceito, o que dificulta
seu combate e tratamento.
A
hanseníase, chamada antigamente de lepra, é uma doença crônica e transmissível
provocada pela bactéria Mycobacterium leprae, também conhecida como bacilo de
Hansen (em homenagem a Gerhard Hansen, médico e bacteriologista norueguês,
descobridor da doença, em 1873).
Segundo a
dermatologista Olivia Abicair Assed, membro titular da Sociedade Brasileira de
Dermatologia, os principais sintomas da hanseníase são marcas na pele, brancas
ou avermelhadas, que podem estar associadas à alteração de sensibilidade. “A
região pode ficar mais dormente, perder pelo, e também não suar. Com a evolução
da doença ou dependendo da classificação, pode ocorrer também alteração de
nervo. Nesses casos, os pacientes podem ter deformidade definitiva, alteração
do tônus muscular, entre outros agravantes”, explica.
A médica
ainda diz que o exame clínico é muito importante para o diagnóstico. “Tem
algumas opções de diagnóstico, o exame clínico quando se percebe a presença das
lesões é muito importante para analisarmos melhor a região. Além disso, tem a
baciloscopia, que é um exame que coleta uma secreção perto da orelha, no joelho
e na própria lesão, na qual conseguimos ver a bactéria, que é o bacilo, e
analisar mais profundamente. Em alguns outros casos, a biópsia também é
realizada para fechar o diagnóstico de hanseníase.”
Ação contra a Hanseníase (Foto: Adilson dos Santos)
A hanseníase
é transmissível pelo ar, principalmente em situações de contato próximo. A
maioria da população tem defesas naturais contra a bactéria, mas cerca de 10%
da população não tem esses mecanismos de proteção e pode adoecer.
Assim que o
tratamento com antibióticos é iniciado, a doença deixa de ser transmissível,
por isso a dermatologista afirma que é importante diagnosticá-la logo no início
dos sinais. No entanto, o tratamento com antibióticos não reverte danos neurais
e sequelas causadas pelo diagnóstico tardio. Caso haja um resultado positivo,
as pessoas que têm intenso convívio com o infectado também devem procurar o
sistema de saúde.
Para Olivia
Abicair Assed, o esclarecimento da população é fundamental para o diagnóstico
precoce. “É importante que as pessoas entendam e saibam mais sobre a hanseníase
para que procurem ajuda o mais cedo possível. Isso ajuda a evitar danos
neurológicos. E ainda, contribui para a diminuição do estigma que existe da
doença, que é infecciosa e potencialmente curável”, destaca.
Dra. Olívia Assed
A
especialista explica ainda que o tratamento é realizado de forma gratuita pelo
SUS (Sistema Único de Saúde) e é baseado em poliquimioterapia, que consiste em
um esquema de vários antibióticos, cuja duração pode variar de seis meses a um
ano.
“O que
determina a duração do tratamento é a classificação clínica do paciente.
Existem dois tipos básicos de pacientes, aqueles com uma ótima resistência e
que apresentam poucas lesões na pele, poucos nervos periféricos acometidos e
pequena carga bacilar. Por outro lado, temos pacientes que apresentam grande
carga bacilar, grande número de lesões cutâneas e grande número de nervos
periféricos acometidos. O tratamento desses pacientes é diferente. Os que
apresentam poucas lesões fazem tratamento com administração de antibióticos por
seis meses. Os pacientes com grande carga bacilar fazem tratamento por 12
meses. O tratamento é feito no posto de saúde onde o paciente, uma vez por mês,
toma uma medicação. As outras medicações são tomadas em casa”, finaliza Olivia
Abicair Assed.
O programa
funciona no Centro de Referência Augusto Guimarães (CRAG), na Estrada do Santa
Rosa, no Parque Santa Clara, próximo ao Hospital Geral de Guarus (HGG), de
segunda à sexta-feira, das 8h às 17h. Atualmente, 50 pacientes estão em
tratamento. A média diária de atendimento chega a quatro pacientes.
FONTE:TERCEIRA VIA
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