O álcool aumenta comportamentos de risco e a probabilidade de relações sexuais sem preservativo
As mortes
envolvendo transtorno do uso de álcool aumentaram drasticamente durante a
pandemia de Covid-19 de acordo com um novo estudo publicado na revista JAMA
Network Open. Apesar de os índices terem crescido entre todas as idades e
sexos, os achados revelaram que adultos jovens, de 25 a 44 anos, foram os que
apresentaram a tendência de alta mais acentuada.
O que é
transtorno do uso de álcool?
Segundo o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o transtorno do uso de
álcool é definido como "um padrão problemático de uso de álcool que leva a
prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, ocorrendo dentro de um
período de 12 meses e manifestando, pelo menos, dois dos seguintes sintomas:
Desejo ou
forte vontade de usar álcool;
Uso
recorrente de álcool que resulte em descumprimento de obrigações na escola, no
trabalho ou em casa;
Uso contínuo
de álcool apesar de ter problemas sociais ou interpessoais persistentes que são
criados ou exacerbados pelo uso de álcool.
25% mais mortes
em 2020
Os
pesquisadores tiveram acesso a dados de mortalidade por sete anos (2012 a 2019)
de um banco de dados do Centers for Disease Control and Prevention, que
registra mais de 99% de todas as mortes nos Estados Unidos.
Em seguida,
a equipe utilizou a modelagem preditiva para determinar as taxas de mortalidade
projetadas para 2020 e 2021 com base nas tendências dos anos anteriores,
compararam os índices.
Segundo
eles, os resultados mostraram exatamente o que vinha sendo observado nos
consultórios e hospitais: um número crescente de pacientes com queixas ou sendo
tratados para condições agudas relacionadas ao uso abusivo de álcool.
Em 2020, os
óbitos relacionados ao transtorno do uso de álcool observados foram cerca de
25% maiores do que as taxas projetadas;
Em 2021, as
taxas observadas foram cerca de 22% maiores do que o projetado;
O aumento da
mortalidade prevista versus observada foi semelhante para ambos os sexos —
aproximadamente 25% para mulheres e homens em 2020 contra 20% para mulheres e
22% para homens em 2021;
Embora o
grupo de idosos tenha tido a maior taxa de mortalidade ao longo do período de
estudo, foi o grupo mais jovem (25-44 anos) que sofreu o maior aumento durante
a pandemia, o que, para os autores, merece atenção pública.
Além disso,
os pesquisadores alertam sobre a frequente subnotificação do transtorno do uso
de álcool, o que indicaria que as taxas reais de mortalidade relacionadas ao
consumo abusivo de bebidas alcoólicas podem ser ainda maiores.
E no Brasil?
Em 2021 o
Brasil registrou 400,3 mil atendimentos a pessoas com transtornos mentais e
comportamentais devido ao uso de drogas e álcool no Sistema Único de Saúde
(SUS). O número é um alerta que mostra um aumento de 12% em relação a 2020, ano
com 356 mil registros.
Quanto à
faixa etária, o maior número de atendimentos fica entre aqueles que têm entre
25 e 29 anos, que somaram 303,7 mil registros em 2021, seguidos da faixa de 10
a 24 anos (49,4 mil) e, posteriormente, daqueles com 60 ou mais (38,4 mil). Em
todos os cenários, o número de atendimentos de pacientes do sexo masculino é
maior do que o feminino.
Vale lembrar
que o SUS garante o atendimento e o acompanhamento para quem tem qualquer tipo
de dependência química.
Fonte: Dr.
Jairo Bouer
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