A maioria são homens. Entre as mulheres, quase 60% têm 60 anos ou mais
Em 2012,
haviam no Brasil 7,5 milhões de domicílios com um único morador. Em 2021, esse
número subiu 43,7%, chegando a quase 10,8 milhões. A constatação é da nova
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada
nesta sexta-feira, 22, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
O
levantamento também registra o aumento proporcional de residências no país onde
vivem apenas uma pessoa. Em 2012, elas eram 12,2% do total de domicílios no
país. Nove anos depois, passaram a representar 14,9%.
A maioria
das pessoas que moram sozinhas são homens. Na média nacional, eles representam
56,6% desses residentes. No recorte regional, eles ultrapassam os 60% no Norte
e no Nordeste. De outro lado, 43,4% dos residentes no país são do sexo
feminino: no Sudeste e no Sul esse percentual está acima dos 45%.
O jovem
médico friburguense André Soares, de 29 anos, deu esse passo para conquistar
sua independência e proteger os pais no auge da pandemia da Covid-19. “Eu
decidi morar sozinho porque gosto da independência, ter minhas coisas, do meu
jeito, poder ficar períodos sozinho, coisa que eu gosto e também porque me
mudei para a cidade no auge da pandemia e, como trabalho na área da saúde, quis
preservar meus pais da possível exposição ao Covid-19”, esclarece André.
"Quase
60% das mulheres que moram sozinhas têm 60 anos ou mais. Enquanto entre os
homens, isso está mais bem distribuído. Mas o envelhecimento populacional pode
contribuir com o aumento desses domicílios unipessoais", observa o
analista do IBGE, Gustavo Fontes.
A aposentada
friburguense Neuza Gonçalves, de 67 anos, mora sozinha por opção própria,
relatando que ama ficar sozinha em casa. “Moro sozinha há uns três anos, logo
depois que me separei, e essa foi a melhor escolha da minha vida. Eu prezo muito
pela minha paz e tranquilidade ao longo do dia. Claro que tudo tem suas
vantagens e desvantagens, mas na minha opinião, morar sozinha é uma delícia”,
relatou Neuza.
Segundo a
Pnad Contínua, a forma mais frequente de arranjo domiciliar envolve um núcleo
formado por casal com ou sem filhos ou enteados. Essa é a realidade de 68,2%
das residências do país. Unidades onde moram juntos dois ou mais parentes
representam 15,9% do total.
Os números
populacionais foram estimados de forma amostral. Com a realização do censo
demográfico neste ano, que oferecerá uma base de dados mais precisa e
incorporará efeitos da pandemia de Covid-19, os resultados da Pnad Contínua
poderão passar por ajustes. O IBGE, porém, avalia que possivelmente não haverá
grandes diferenças levando em conta o universo populacional do país.
Sexo
Na estimativa do IBGE, foram contabilizados 212,7 milhões de residentes em 2021, sendo 108,7 milhões de mulheres (51,1%) e 103,9 milhões de homens (48,9%). A pesquisa aponta que não houve alteração relevante dessas participações desde 2012. A relação de 95,62 homens para cada 100 mulheres no Brasil representa um valor próximo aos 95,99 apurados há nove anos.
No recorte
etário, o levantamento mostra que a população masculina possui um padrão mais
jovem. Nas faixas de 0 a 4 anos e de 5 a 9 anos, há respectivamente 104,8 e
104,7 homens para cada 100 mulheres. Segundo o IBGE, essa razão se inverte com
o aumento da idade uma vez que a mortalidade dos homens é maior em todos os
grupos etários.
Entre os
idosos, a diferença se torna significativa. "A razão de sexo calculada
para a população com 60 anos ou mais de idade indicou que existem
aproximadamente 78,8 homens para cada 100 mulheres", aponta a pesquisa.
O recorte de raça aponta um avanço no número de residentes que se declaram pretos ou pardos. Eles saltaram respectivamente de 7,4% e 45,6% em 2012 para 9,1% e 47% em 2021. Em consequência, a participação da população declarada de cor branca caiu em todas regiões ao longo desses nove anos.
"De
acordo com outros estudos do IBGE, as mulheres pretas e pardas têm em média
mais filhos que as mulheres brancas. O próximo censo demográfico será muito
importante para observar melhor essa questão. Mas possivelmente essa diferença
na taxa de fecundidade também não explica tudo. A maior conscientização da
questão racial possivelmente também é um fator. A pesquisa não traz uma
resposta específica para esse dado. O que podemos é levantar fatores que podem
explicar", avalia Gustavo Fontes.
(Com
informações do IBGE e Agência Brasil)
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