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30/01/2022

BAIXA ADESÃO À VACINAÇÃO INFANTIL PREOCUPA AUTORIDADES

Prefeitura de Campos dos Goytacazes-RJ quer vacinar 56 mil crianças, mas nos primeiros 8 dias, apenas 766 doses foram aplicadas

 

Sorriso | Eloá, de 6 anos, chegou animada para receber a dose da vacina acompanhada do pai Leandro Siqueira

 

Mesmo com o sistema híbrido de ensino tendo sido implantado em Campos em 2021, grande parte dos alunos com idades entre 5 e 11 anos só retornará à escola presencialmente a partir do próximo dia 7 de fevereiro de 2022, quando se inicia o ano letivo no município. As aulas serão presenciais tanto nas redes públicas (estadual e municipal) quanto na particular. Porém, parte dos pais optou por não permitir a ida dos filhos às escolas com medo da infecção pela Covid-19. A vacinação infantil, que, segundo especialistas, poderia tornar o retorno seguro para as crianças e suas famílias, ainda tem baixa adesão no Município, diz a Prefeitura.

 

No último dia 18, um ano e 10 meses após a suspensão das aulas presenciais no Estado do Rio, teve início a vacinação das crianças em Campos. A meta da secretaria municipal de Saúde é vacinar 56 mil crianças de 5 a 11 anos de idade. Mas, nos primeiros oito dias, quando a imunização estava aberta prioritariamente para crianças com comorbidades, apenas 766 doses foram aplicadas. O número equivale a 1,37 % da meta, muito abaixo do esperado.

 

Procura zero | Mesmo aberto, houve dia em que UBS não vacinou ninguém

 

A reportagem do jornal Terceira Via apurou que, na última quinta-feira (27), no posto de vacinação infantil de Lagoa de Cima, nenhuma criança foi vacinada. O motivo foi a falta de procura. O posto estava aberto, os funcionários, trabalhando, e as doses, disponíveis. Mesmo assim, nenhum responsável levou sequer uma criança para vacinar.

 

Os pais se dividem quanto à imunização. Uma parte justifica a decisão de não vacinar o filho ou de esperar para imunizá-lo com base em medos diversos, muitos deles alimentados pela enxurrada de fake news que chegam pelas redes sociais e já rechaçados por especialistas.

 

Caroline Ferreira é mãe da pequena Alice, de 5 anos. Ela diz que pensa na proteção da filha, mas que tem receio dos efeitos da vacina. “Vou vacinar, mas estou esperando um pouco. Vou esperar um mês para ver como vão reagir as outras crianças primeiro. Recebi tanta notícia falando que a vacina causa tanta reação, que eu tenho medo de como ela pode reagir”, conta.

 

Parque Rodoviário | Pequeno número de crianças à espera da vacina chama atenção na UBS do bairro

 

Na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Parque Rodoviário, nesta sexta-feira (28), a fila da vacinação contra a Covid-19 não chamava atenção pela quantidade. No local, a aparência era de um dia sem programação diferenciada. Segunda a enfermeira Polyana Rodrigues, responsável pela imunização no local, a unidade recebe, em média, 50 crianças por dia, embora tenha capacidade para atender mais de 100. “Nós atendemos através de agendamento e de distribuição de senhas. Mas, mesmo terminando as senhas, enquanto temos doses, nós aplicamos a vacina”, informa a enfermeira.

 

Sandra Ritter é mãe do Miguel, de 11 anos, que tem asma. Ela conta que não via a hora de proteger o filho da Covid-19, mas que ele é uma das poucas crianças da turma que vai tomar a vacina, uma vez que, no grupo das mães no WhatsApp, a maior parte afirma ter medo de que o imunizante possa fazer mal aos filhos.

 

A auxiliar administrativa Polyane dos Santos foi logo cedo levar a filha Lauane Isabela para receber a primeira dose. Ela relatou que estava contando os dias para imunizar a filha. Questionada sobre a confiança na vacina, ela disse que nunca teve dúvidas. “Claro que eu tenho que confiar em quem entende mais do que a gente sobre o assunto, em quem estudou pra isso. Os cientistas são especialistas e nós sempre vacinamos as crianças. Agora não seria diferente”, diz a mãe.

 

Eloá, de 6 anos, chegou animada para receber a dose da vacina. Ela sorriu enquanto era imunizada, diz estar ansiosa para retornar à escola se sentindo mais segura e que também retornará às aulas de natação. A pequena foi à unidade de saúde acompanhada do pai, o advogado e professor Leandro Siqueira.

 

Mas, porquê é tão importante vacinar as crianças?

 

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil soma, desde o início da pandemia, 1.449 mortes de meninos e meninas de até 11 anos em decorrência do novo coronavírus e mais de 2.400 casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) associada à Covid-19, conjunto de sintomas graves que podem levar à morte.

 

O infectologista e virologista Charbell Kury, subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde de Campos, explica que todas as demais doenças prevenidas por vacinas, como meningite, pneumonia, sarampo, mataram 1.500 crianças em 2020 e 2021 no país. Isso mostra o quanto a Covid-19 pode ser letal.

 

Charbell | “Virus se adapta”

 

“Estamos perto do retorno escolar e, para evitar a disseminação da doença nas escolas, a vacinação ganha ainda mais importância”, explica. Charbell ressalta que crianças, principalmente na faixa etária dos 8 e 9 anos, não vacinadas e acometidas pela Covid-19 podem desenvolver síndrome inflamatória multissistêmica, que afeta as veias e artérias, causando complicações cardíacas, intestinais, comprometimento cerebral, entre outros.

 

O médico também explica porque a doença tem afetado mais as crianças. “O vírus é inteligente e se adapta. Percebendo que a cobertura vacinal o barra com os adultos, ele se modifica para se instalar nas crianças”, explica.

“Outro argumento irrefutável é a segurança das vacinas. Mais de 10 milhões de crianças foram imunizadas no mundo com a vacina pediátrica e não houve nenhuma morte por causa da vacina. Ela é segura, ela é eficaz e salva vidas”, ressalta Charbell.

 

Retorno presencial nas redes estadual e municipal

 

O ano letivo de 2022 nas redes municipal e estadual de ensino terá início no dia 7 de fevereiro e previsão de término no dia 16 de dezembro de 2022. Ao todo, serão 206 dias letivos, garantindo o cumprimento do mínimo de dias letivos determinado em lei.

  

Marcelo | “Presencial é importante”

 

De acordo com o secretário municipal de Educação, Ciência e Tecnologia Marcelo Feres, em Campos, o retorno será 100% presencial. “Nós entendemos que alguns pais podem querer esperar o filho ser vacinado e vamos, sim, ser tolerantes com os estudantes que retornarem logo após o calendário vacinal ser liberado. Mas, nós ressaltamos a importância do ensino presencial para garantir a qualidade da Educação”, frisa o secretário, que garante que a rede não exigirá comprovante de vacinação para o retorno dos estudantes.

 

A secretaria estadual de Educação (Seeduc) informou que as aulas serão presenciais, mas que caso haja alguma orientação do não retorno às atividades pedagógicas presenciais, a secretaria está preparada para o ensino remoto. A pasta também informou que não há nenhuma orientação a respeito de comprovante de vacinação contra a Covid-19 e que a rede continuará seguindo todos os protocolos sanitários, adequações e orientações definidas pela secretaria de estado de Saúde (SES), “de forma a preservar a saúde e a segurança dos alunos, servidores e funcionários”.

 

Em São João da Barra, prefeita Carla Machado é contra a vacina

 


 

Na semana passada, a prefeita de São João da Barra, Carla Machado, que não se vacinou contra a Covid-19, surpreendeu ao revelar, durante uma live, que não é favorável à vacinação infantil. Carla pediu que mães do município busquem orientação médica antes de levar os filhos aos postos para receber a dose.

 

“Vou pedir às mães: olha a bula! Se eu tivesse filho, eu não vacinaria. Tem um RNA Mensageiro, né? Porque a Anvisa… A vacina, para vocês entenderem, precisa de no mínimo cinco anos para que sejam comprovados os efeitos colaterais. A Pfizer, por exemplo, não se responsabiliza por quaisquer efeitos colaterais. Mexe com o RNA, essa proteína aí, que é uma proteína que pode, né?, dar algum tipo de problema. E eu não poderia deixar de vir aqui falar como mãe, que a gente sempre é, independente do filho estar presente ou não, conosco. Nós estamos aí, preparando um medicamento natural, sem efeito colateral, para ajudar na imunidade das crianças. A secretaria de Saúde já está providenciando e vocês pensem. Elevem o pensamento a Deus, peça para orientar vocês. Leve seu filho ao pediatra antes, pede para ele assinar, indicando a vacina”, disse.

 

Na última segunda-feira (24), ela voltou ao assunto. Mas, diante do grande número de críticas, interrompeu a transmissão ao vivo e removeu o vídeo das redes sociais.

 

A Prefeitura de São João da Barra está aplicando as doses pediátricas da vacina da Pfizer.

 

FONTE:TERCEIRA VIA

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