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09/01/2022

USO DE CIGARROS ELETRÔNICOS TRAZ MAIS RISCOS À SAÚDE DO QUE SE IMAGINA

Comercialização e propaganda desses dispositivos são proibidas pela Anvisa

 


Diversas pesquisas mostram os malefícios do consumo de cigarro para a saúde. Responsável por mais de 7 milhões de mortes anuais em todo o mundo, o produto há muito tempo deixou de ser símbolo de poder, status e liberdade. A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, ano após ano, o consumo seja reduzido.

 

Nos últimos anos, porém, surgiram os cigarros eletrônicos. Com uma aparência moderna e com gostos disfarçados por uma infinidade de sabores e aromas, eles passam a ideia de serem inofensivos à saúde. Basta acessar as redes sociais para ver homens e mulheres jovens consumindo os vaporizadores — vapes, cuja “fumaça” é facilmente identificada nas rodas de amigos em bares, restaurantes ou até na praia.

 

O que muitos não sabem, ou ignoram, é que, apesar de parecerem uma boa alternativa e serem socialmente aceitos, os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) são tão danosos quanto o cigarro convencional.

 

Os cigarros eletrônicos tiveram a comercialização e a propaganda proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), decisão baseada no princípio da precaução, devido à inexistência de dados científicos que comprovem que os produtos são realmente inofensivos. Um claro exemplo dos riscos à saúde, no entanto, é o chamado ‘vidro fosco’ no pulmão, assunto amplamente debatido após o diagnóstico do cantor sertanejo Zé Neto.

 

Às vésperas do Natal, a assessoria de imprensa do cantor, que faz dupla com Cristiano, informou que ele desenvolveu um problema denominado ‘foco de vidro no pulmão’, que provoca falta de ar. Esses sintomas tanto podem estar relacionados a resquícios da Covid-19, que ele contraiu, quanto ao uso prolongado que fazia de cigarro eletrônico.

 

“Nesse caso, uma parte dos alvéolos, em vez de estar preenchida por ar, se apresenta carregada de uma substância inflamatória”, explica a cardiologista Stephanie Risk. “Esse quadro pode ser causado por infecções virais como a Covid-19, fibrose, fungos, e por inflamação provocada pelo uso de cigarro eletrônico”.

 

Segundo ela, “há uma falsa impressão de que o cigarro eletrônico não faz mal, mas a maioria contém nicotina, que é altamente viciante”. A médica afirma que, apesar de ter menos substâncias tóxicas que o cigarro comum, ele não é isento desses compostos.

 

“É importante lembrar que descobrimos os malefícios do cigarro convencional, de 20 a 30 anos depois de ele estar sendo consumido. Enquanto isso, os cigarros eletrônicos, embora tenham surgido recentemente, já foram descritos problemas pulmonares provocados por eles”, completa.

 

O principal causador desses problemas é o vapor, que por ser muito quente e chegar ao pulmão misturado a algum tipo de óleo usado no equipamento, pode causar lesões e inflamações pulmonares. Risk ainda lembra que, mesmo que alguns fumantes usem o eletrônico como alternativa ao tradicional, esse tipo de cigarro contém nicotina e, portanto, não combate o vício em tabaco. “Por ser considerado mais aceitável, muitas vezes até faz a pessoa fumar com mais frequência.”

 

Os danos à  pele e ao cabelo

 

Porém, não é só o sistema respiratório que é prejudicado com a utilização de tais dispositivos. A cientista e expert em saúde do couro cabeludo, Jackeline Alecrim, explica que os vapes podem ainda gerar queda dos cabelos e agravar quadros de calvície.

 

“Estudos demonstram que fumar (seja o vape ou o cigarro convencional) contribui diretamente para a diminuição acentuada dos fios. Isto se deve ao fato de, ao longo dos anos, as substâncias tóxicas presentes no cigarro, como a nicotina, provocarem a degeneração gradativa dos folículos pilosos prejudicando o aporte sanguíneo local e a oxigenação tecidual do couro cabeludo”. 

 

De acordo com ela, o agravante dos eletrônicos é a dificuldade de especificar quais concentrações emitidas das substâncias maléficas que eles contêm, ao contrário do cigarro comum que é obrigado por lei a apontar tais concentrações.

 

“No cigarro estão presentes mais de quatro mil substâncias prejudiciais à nossa saúde, com o potencial de afetar negativamente a pele e o cabelo”, enfatiza, acrescentando que a nicotina se acumula nas paredes dos vasos, “prejudicando a circulação sanguínea e impedindo que os nutrientes, hormônios e o oxigênio cheguem até os folículos pilosos como a raiz e o cabelo”.

 


 

O que é importante saber sobre o e-cigarro

 

(Por Mauro Gomes*)

 

Cigarros eletrônicos são dispositivos criados com o objetivo de simular a sensação de fumar um cigarro comum. Também conhecido como e-cigarro, contém nicotina, mas não alcatrão e monóxido de carbono presentes nos cigarros tradicionais — substâncias capazes de causar câncer de pulmão e de outros órgãos — mas libera outros tipos de substâncias tóxicas à saúde.

 

Do que é composto o cigarro eletrônico?

 

Nele, a nicotina é diluída em uma substância, habitualmente o propilenoglicol. Essa mistura costuma ser comprada em refis e armazenada em um reservatório (cartucho) no dispositivo, ligado a um vaporizador que transforma o líquido em fumaça. A concentração de nicotina nos reservatórios do e-cigarro costuma ser bem maior que aquela encontrada nos cigarros convencionais.

 

É isento de riscos à saúde?

 

Não. Embora o propilenoglicol seja uma substância segura para a saúde humana, quando serve de diluente para a nicotina e é vaporizada e inalada libera o formaldeído em concentrações de 5 a 15 vezes maiores do que encontradas nos cigarros comuns, um agente capaz de provocar o câncer.

 

Quais doenças pode causar?

 

No curto prazo, o e-cigarro pode ser danoso ao sistema respiratório e cardiovascular. Por ser um produto relativamente novo da indústria do tabaco, desconhece-se ainda todos os males que ele pode causar em longo prazo. Sabe-se que a composição do vapor contém substâncias derivadas de metais pesados, como ferro, alumínio e níquel, que podem levar não só ao câncer de pulmão, mas também ao dos seios da face, enfisema pulmonar e à fibrose pulmonar.

 

Pode ser usado para ajudar a parar de fumar?

 

Não deve ser utilizados em programas de combate ao tabagismo no lugar da terapia de reposição da nicotina devido às impurezas e às altas concentrações presentes de formaldeído, substância altamente cancerígena. Como o e-cigarro utiliza a nicotina, que é a substância presente no cigarro que causa a dependência, na verdade o fumante está trocando um vício pelo outro.

 

Quais os riscos para os jovens?

 

Os adolescentes são mais propensos do que os não usuários a fumar cigarros convencionais de acordo com estudos científicos nos EUA. Os pesquisadores concluíram que o uso de e-cigarro agrava, em vez de amenizar, o uso de cigarros convencionais, portanto, representam um engodo à população, uma forma de atrair os jovens para a dependência química e, numa etapa posterior, tornarem-se consumidores de cigarros comuns.

 

*Mauro Gomes é médico pneumologista

 

FONTE:A VOZ DA SERRA

 

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